14/03/2013

Discursos e valores de alunos de ensino básico sobre as Artes Visuais: Possibilidades éticas de seu aproveitamento na escola

Andrea Penteado



Introdução

          Dentre as discussões curriculares sobre o ensino das artes visuais que mobilizam a realidade escolar tenho investido na hipótese de que a maneira como organizamos o currículo pode promover sua democratização e a resignificação de seus objetivos, conteúdos e práticas. Nessa concepção compreendo o currículo como construção sócio-histórica que é “exemplo perfeito de invenção de tradição” (GOODSON, 1995, p. 27) e que, portanto, não pode ser plenamente compreendido se tomado como verdade absoluta e, justamente por sua historicidade inventada na tradição, apresenta-se como verdade provisória (PERELMAN & OLBRECHTS-TYTECA, 2002) que se estabelece para determinados auditórios1, através de debates que visam confrontar diferentes teses circulantes, envolvendo escolhas políticas dos debatedores. Nesse sentido, devo salientar que tenho me ocupado das construções discursivas que ocorrem no campo – "o que se pensa ou se acredita" (SACRISTÁN, 2005, p 102), ainda que busque a fonte desses discursos nas práticas cotidianas, sem, contudo, envolver, nesse momento, um entrecruzamento das análises das ações na prática com as teorias forjadas a partir daí, na forma do discurso. Quero corroborar a colocação de Sacristán, considerando que notoriamente o discurso é parcial, relativo e contextual, mas que de qualquer modo, traz sua contribuição ao entendimento se o entendermos de maneira não linear, tampouco referente a uma verdade verdadeira, mas apontando "os rastros e pistas que deixam nas mentalidades, que permanecem como dispositivos das ações individuais e coletivas" (Ibdem, p 103). Nestes termos, as duas questões que levanto – democratização e resignificação do currículo – implicam abertura para o debate e a escuta dos discursos.

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