Andrea Penteado
Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Neste trabalho investigo as noções de autoridade e poder, propostas por Perelman em seu artigo Autoridade, ideologia e violência (2005), no qual o autor defende que, por um lado, um governo democrático e legítimo refere-se àquele cujo poder (de agir) é autorizado pelos governados com base em noções jurídicas (que visam ao justo) que o validam; por outro, excepcionalmente devemos reconhecer um tipo de autorização que se funda, não em uma noção jurídica, mas em uma noção moral, baseada na tradição judaicocristã de nossa cultura. A autoridade moral apresenta-se como necessária, segundo o autor, para o estabelecimento de uma autoridade que governe sobre as crianças: a autoridade paterna e a autoridade professoral.
Deste modo, por carecerem de condições de igualdade que as permita julgar, impõe-se às crianças uma autoridade cujo modelo é fundado na sucessão da autoridade que parte de Deus e chega ao professor: Deus é autoridade perante os homens, servindo de modelo de autoridade do pai perante sobre os filhos e a autoridade do pai, servindo de modelo para a relação professor/alunos.
Baseada na própria teoria da Argumentação e nos estudos de Sacritán sobre a invenção da noção de aluno (2005), irei defender que a autoridade professoral também deveria ser uma autoridade validada juridicamente, e não com base em uma moral metafísica, o que resultaria quiçá em diferentes relações de respeito entre os sujeitos da escola.
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